sexta-feira, 28 de maio de 2010

Itajubá - cidade fácil (?) de ser amada (?)

Atendendo a pedidos e após 1 mês e 17 dias sem postar, cá estou eu. Confesso que senti falta de escrever, mas o tempo tem sido bastante escasso. Quando tenho tempo livre, estudo. Quando não estudo, não consigo pensar em coisas para escrever porque me sinto mais cansada ainda... Pois é, o terceiro ano anda bastante complicado... Parece que não importa o quanto eu estude: eu não vou tão bem quanto espero. Sabe, se eu estivesse vadiando, até me conformaria... Mas estudando como ultimamente, é de sentir uma frustração sem tamanho.

Entretanto, ultimamente tem havido uma frustração ainda maior na minha vida e ela atende pelo nome de Itajubá. Moro aqui há quase 20 anos e confesso que jamais tinha parado pra pensar no quanto ela me deprime. Geralmente essa sensação ocorre nas férias, quando acabo ficando sozinha aqui na cidade, mas é justamente por essa razão! Agora, tenho tomado uma birra tão grande daqui que chega a me dar coceiras...

Itajubá sempre foi uma cidade pacata, pequena, com pessoas educadas e NOT. Educadas? Quando? Onde? A comprovação disso é o trânsito da cidade. A frota de carros daqui é desproporcional a uma cidade com apenas 90 mil habitantes, pouquíssimas vias asfaltadas. No entanto, as pessoas saem com seus carros achando que estão no quintal de casa. A educação manda seguir as leis de trânsito. A ignorância manda não respeitar preferência da rotatória, DESFILAR na frente dos carros, andar de bicicleta competindo com caminhões, estacionar na esquina, roubar pinos dos pneus...

Eu ia redigir um parágrafo sobre as carroças que disputam o trânsito com os carros. Mas isso fala por si só. Existem carroças aqui. Eu vi esses dias uma delas na garagem de uma casa. O cavalo estava triste, coitado.

Engana-se você que pensa que a falta de educação é exclusividade do trânsito. Isso parece ser marca registrada até mesmo de vendedores e balconistas. Atendem não como se estivessem exercendo uma obrigação, mas como se o consumidor o tirasse do sossêgo, da paz, da boa vida. Às vezes, eu sinto medo de pedir auxílio a alguns profissionais com medo de levar um soco por interferir no ócio deles. Quer dizer.

Por fim, a maior falta de educação - e a maior ignorância do itajubense - diz respeito ao cuidado com o lixo. Aliás, falta de cuidado. Eu nunca vi uma cidade tão suja quanto essa em toda a minha vida. Não que eu conheça muitas cidades assim, mas nenhuma é tão imunda. Você encontra todo tipo de coisa no chão e nos terrenos baldios daqui. As pessoas simplesmente parecem não compreender que o objeto se chama lixeira porque serve para comportar o lixo! Sem falar que um terreno baldio está vazio não pra você jogar lá seu sofá velho, mas porque o dono ainda não construiu nada lá! Será que é tão difícil seguir essa linha de raciocínio? Não é difícil, mas é mais fácil culpar o prefeito pela enchente que ocorre pelos bueiros entupidos.

A falta de opções de entretenimento é provavelmente o tópico mais explorado quando falam de Itajubá. Aqui não há simplesmente opções de lazer. Eu conto nos dedos os locais a que posso ir que não sejam botecos imundos. Existem pontos de alimentação ótimos. Mas é só. Nenhum parque, nenhum boliche, nenhum centro de recreação, NADA. A maior diversão por aqui é ir à casa dos outros.

E vocês sabem qual é a maior? A UNIFEI expandirá o Campus e criará o segundo maior Parque Tecnológico do País, o que dobrará o tamanho da cidade até 2015. Eu estou falando sério. As obras inclusive já começaram. A Helibras expandirá também o tamanho da fábrica e criarão, ano que vem, um curso de Engenharia Aeronáutica lá na universidade. Parabéns, que beleza, excelente iniciativa. Perguntem-me se a infra-estrutura da cidade tem se adequado a essa excelente oportunidade...

Eu fico triste em pensar no potencial que Itajubá tinha dez anos atrás. Potencial que foi totalmente desperdiçado, que é deixado de lado pela população ignorante e despreocupada que aqui mora. Por aqui, a maior preocupação não é a expansão da cidade, mas o capítulo de ontem da novela, a amante do vizinho, a morte de algum desconhecido, a vida alheia.

Por que essa cidade não cresce? Porque quem pode se mobilizar para fazer a diferença simplesmente vai embora por não suportar o cotidiano daqui. Mas, na minha modesta opinião, o que mais sustenta isso é o comodismo e o tradicionalismo enraizados na cultura de Itajubá. Com isso, cidade nenhuma evolui, cidadão nenhum cresce.