sexta-feira, 19 de março de 2010

2012

Nesta semana, houve a escolha da comissão de formatura da minha turma. Como representante de classe, fui responsável por organizar a votação. Tudo aconteceu, no entanto, às pressas, pois os candidatos só souberam que a comissão deveria ser escolhida um dia antes do fim do prazo de entrega.

Eu nunca fui a um coquetel de formatura na minha vida. Comparecia, apenas, à colação de grau e à missa. Por quê? Tendo um pai professor e uma mãe dona-de-casa/costureira/artesã, não é muito difícil $aber a cau$a. Agora que recebo uma bolsa por minhas atividades como monitora, vocês até poderiam achar que eu bancarei o coquetel. Negativo.

A formatura fica em torno de R$ 3600. Isso equivale a 16,5 vezes o que recebo como monitora, sendo que meu pagamento só acontece em meses em que trabalho. Sim, eu não tenho férias remuneradas. Considerando que a formatura será em 3 anos, seriam R$ 1200 reais ao ano. No entanto, já é quase abril e os pagamentos não começaram. Estes devem ser feitos até meados de novembro de 2012. Assim, em vez de 36 meses, são 31. São R$ 116 reais ao mês, mais da metade do que recebo.

Eis as opções:

1. Poupar mais da metade do meu salário para pagar uma noite de comemorações. Vale ressaltar que eu não tenho familiares para completar 10 cadeiras, eles não bebem, teriam que alugar/comprar roupas. Ninguém também se esbaldaria de comer, ou seja, pagaríamos a festa alheia.
2. Colocar parte do dinheiro num fundo de investimento para pagar a festa supracitada.
3. Guardar dinheiro numa poupança para gastos após o término da faculdade.

Formaturas devem ser legais, não critico quem vai. Sim, eu adoraria ir a uma (se alguém que vai se formar estiver lendo isso, me arrume dois convites). Mas muitas vezes é preciso ser realista e precavida à deslumbrada e saber se desapegar de certas coisas por serem simplesmente supérfluas.

sábado, 13 de março de 2010

Bodes expiatórios

Recentemente, li o seguinte trecho de notícia:

Senado aprova projeto que prevê gorjeta de 20% em bares e restaurantes.

Bares, restaurantes e similares poderão cobrar gorjeta de 20% sobre contas encerradas à noite, após as 23 horas, caso seja transformado em lei o projeto do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que recebeu parecer favorável da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal ontem. O projeto, votado em decisão terminativa, foi relatado pelo senador Gim Argello (PTB-DF).

O texto segue agora para a análise da Câmara dos Deputados.

Eu adoro sair para comer fora, principalmente porque eu amo comer (#JuliaChildFeelings). Na maioria das vezes, o garçom não faz nada a não ser trazer o refrigerante, a comida, o cardápio e a conta, além de limpar as mesas antes e depois do cliente se acomodar. Numa rápida consulta a Internet, é possível descobrir que a descrição de cargo de um garçom corresponde justamente aos atos que acabei de citar.

O que gerou essa idéia de dar bônus a alguém que cumpre as funções que deveria cumprir? Qual é o propósito de recompensar alguém que só faz sua obrigação? Quando uma pessoa se torna garçom, ela está plenamente ciente de que deve tratar os clientes com respeito e assisti-los no que for possível. Dessa forma, dizer que a gorjeta é um meio de agradecer por algo que é inerente à profissão é totalmente incabível. Aliás, raramente a gorjeta é repassada ao garçom. Entrega-se o pagamento ao caixa. O que garante que ele consulta todas as notas fiscais e repassa a gorjeta ao garçom? Paga-se, então, a mais provavelmente para compensar a diminuição do preço da refeição.

Ser garçom logicamente não é uma profissão com um salário estrondoso. Mas ser empregada doméstica, gari, faxineira, entre outras, significa também receber um salário mínimo, por exemplo. É uma profissão que está sujeita à mesma legislação trabalhista, aos mesmos direitos e deveres. Deveres estes que incluem desempenhar as funções da descrição de cargo, conforme disse anteriormente. Deveriam todos, então, exigir um bônus salarial?

É claro que não. Não é o caminho. Exigir um aumento do salário mínimo evita que outras profissões permaneçam desvalorizadas e não força o cliente a se responsabilizar por coisas que não dizem respeito a ele. Infelizmente, não será a primeira, nem a última vez que o Governo tentará passar ao cidadão suas obrigações.

Divagando

Fazia tempo que não passava por aqui. Pura falta de tempo, mal tenho ligado o pc para algo que não seja e-mail e Colheita Feliz. Não estou reclamando, pois sabia muito bem o que me aguardava: trabalhos e horas de estudo. Sim, bateu um desespero:

1. Como se manter tranqüila diante de matérias cujos índices de reprovação beiram os 45%?
2. Como ficar calma quando as equipes com as quais você trabalhará o semestre todo serão sorteadas?
3. Como ser indiferente ao fato de que a nota da sua prova será definida por duas outras pessoas?
4. Como ficar contente com trabalhos que exigem pesquisa de campo, a coisa que eu mais detesto fazer em todo o mundo acadêmico?
5. Como ir dormir em paz depois de uma semana de aulas em que você percebe a dimensão das coisas que terá que fazer?

Não conheço uma pessoa que não tenha passado por isso. Obviamente em graus diferentes, mas as experiências foram semelhantes. Às vezes eu penso se tudo isso não é muito exigente, se a cobrança não é excessivamente elevada. Sem falar nos momentos em que muitas dessas atividades acadêmicas parecem inúteis ou feitas meramente para composição de nota. Não chegam a agregar conhecimento e só ocupam um tempo que poderíamos investir em outras mais pertinentes e relevantes.

É estranho pensar que num sistema educacional que deveria priorizar o aluno, é nele que pensam por último. Todos nós sabemos que o mercado de trabalho é, de fato, exigente. Mas muitas vezes o foco não está em lições que agregam valor profissional, mas valor à nota. Agora que estou no terceiro ano e tenho matérias como Gestão de Pessoas (RH), Finanças, Custos e Direito, tenho um pouco mais de noção prática de como será o mercado em que atuarei, com o que lidarei. Acho que foi por isso que procurei desde que iniciei o curso. No entanto, curioso é que isso me dá segurança, mas ao mesmo tempo a tira:

Onde trabalharei? Conseguirei estágio? Tenho requisitos que preenchem o que é procurado pelo mercado de trabalho? Tenho potencial? Serei uma boa profissional?

Dúvidas, dúvidas, dúvidas...

Maria Clara, larga de ser ansiosa. Uma coisa de cada vez. As respostas a essas perguntas são as conseqüências do que você fez, faz e fará durante o curso. Acalme-se. Você não é a primeira e nem a única a ter esse sentimento.

Este ano vai ser tenso. Vixi, mainha.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sucesso. Motivo: desconhecido

As minhas aulas começaram, mas não é sobre elas que falarei hoje. Nada de comentários a respeito dos professores, das matérias, nem do fato d'eu ter aula até quinta-feira. Também nem vou comentar sobre as matérias com 45% de índice de reprovação ou da quantidade de horas que terei que estudar por dia caso eu queira passar bem. Não, vamos para um tema diferente.

Nesta semana, postaram um vídeo daquele tal de Eduardo Surita. Como tantos outros, eu só descobri quem ele era por causa do vídeo em questão. Achei idiota, mas a vida continuou e eu nem me lembrei mais dele. Até chegar a manhã de hoje. Lá estava eu vendo Hoje em Dia quando me deparo com a seguinte pauta "Sucesso teen na internet". A matéria fez jus à (baixa) qualidade do programa atualmente e só me causou constrangimento. Eis as razões.

Começaram falando dos adolescentes que fazem auto-retrato. Até aí, nada contra, até porque eu amo tirar fotos. E, como todo adolescente, eu já fui de ficar fazendo pose, procurar lugares legais, etc. Fiquei um pouco envergonhada, pois achei tosco ao ver outros fazendo e fiquei imaginando o que pensaram de mim quatro, cinco anos atrás. Enfim, a reportagem levou uma menina para um estúdio para que um fotógrafo profissional desse dicas a ela. A garota não devia ter nem 17 anos, mas passou tanta maquiagem no rosto que me deixou sem entender. Após isso, ela e a mãe fizeram poses em frente a um espelho e tiraram mais fotos. A razão, eu desconheço. Por fim, a mãe defendeu a filha que tira fotos de tudo o que faz, inclusive de quando vai tomar banho. Bom, aí a pauta acabou e retornaram ao estúdio do Hoje em Dia.

Eis que me deparo com o trio formado por Eduardo e Emílio Surita, além de um tal de Igor Belchior. Nunca ouvi falar dos dois últimos e só conheço o segundo por causa do sobrenome. Enfim, a justificativa que todos deram para a auto-promoção foi a de que devemos nos amar em primeiro lugar para depois amar qualquer outra pessoa. Pelo que entendi, eles tiram fotos e mais fotos e tentam adquirir sucesso para amaciar o próprio ego. E tem gente que acha isso legal e faz o quê? Paga viagem para eles, doa roupas, grita histericamente num shopping, passa mal na escola...

Sei que escrever aqui significa dar algum tipo de ibope para eles, mesmo que meu blog não seja lido por muita gente. Entretanto, o que os diferencia do restante das pessoas? Tem gente que os considera lindos, mas beleza não é nenhuma raridade ou exclusividade. Eles tiram fotos, mas também não são únicos. Alguns podem achar que eles têm atitude, mas eu não consigo entender qual. O que os diferencia de tantas outras pessoas que abrem suas vidas na internet, mas não obtém sucesso algum?

Não estou aqui para defender que as pessoas sejam cultas e dediquem seus esforços a um grupo seleto de coisas. Mas antigamente havia mais critérios para a admiração, acredito. O reconhecimento vinha com o merecimento por algum motivo impactante. Não venham me chamar de recalcada, de mal-amada ou de invejosa, pois o sentimento não é de recalque, indignação, muito menos de inveja. É simplesmente incompreensão. Existe o livre-arbítrio, eu sei. Mas também existem o bom senso e a noção.

Pensando bem, talvez isso não seja de se espantar. Num país em que quem sai do Big Brother é reverenciado, qualquer um que fique famoso por ficar deve ser cultura.

PS: estou há séculos para manifestar minha opinião sobre o Hoje em Dia. Vejo que o momento se aproxima

quarta-feira, 3 de março de 2010

Meus filmes, minha vida

Antes de começar o post, aviso de antemão que a freqüência dos meus textos diminuirá, pois minhas férias (felizmente) acabaram. Assim, o tempo será cada vez mais curto e a criatividade focalizada em outras atividades. Mas, conforme prometido, vou falar um pouco dos filmes que marcaram a minha infância.

Uma das maiores paixões da minha vida é o cinema. Lamentavelmente, aqui não há mais nenhum, de modo que preciso apelar para a ilegalidade para assistir a filmes. Antes que a discussão sobre a pirataria se inicie (confesso que meus dedos coçaram para começá-la), vamos voltar ao assunto. Desde pequena, eu alugava muitos filmes na locadora e ia ao cinema todo final de semana. Preferi, até os treze anos, desenhos. Não, antes disso, eu não via quase nenhum filme estrelado por atores de carne e osso. Eu não gostava, não me interessava e achava que era coisa de adolescente metido à besta ou adulto. Pra falar a verdade, via apenas filmes do Didi (!!!!), do Macauley Caulkin (!!!!) e da Xuxa (!!!!). Após tal constrangimento, prossigamos.

Um dos meus filmes preferidos é Cinderela. Nossa, eu já vi umas trinta vezes, no mínimo! Era apaixonada pela história, pela delicadeza em sua condução. Até mesmo a paleta de cores utilizada no filme me encantava e me deixava com vontade de ter aqueles vestidos, aqueles animais, provar aquelas refeições... E, obviamente, a história era linda. Sim, um conto-de-fadas. Mas eu confesso que gosto muito deles. A Bela Adormecida provocou-me sensação semelhante, mas menos intensa. Para mim, era a princesa injustiçada, a menos glamourosa. Gostava mais dela por causa disso! Aliás, era a razão pela qual nunca fui muito com a cara da Branca de Neve. Adorava os Sete Anões, mas a personagem em si sempre foi pouco interessante...

Lembro-me da maratona de A Bela e a Fera que fiz quando criança. Foi fantástica, mas gostei muito mais das seqüências do que do filme original. Eu confesso que nunca tive muita paciência para história com lenga-lenga e o filme em questão se encaixava nessa característica. Boring. Havia também a história da princesa que virava cisne e essa era uma das minhas preferidas. Novamente, era a história injustiçada, mas era muito bonita e divertida. Aluguei e vi na sessão da tarde compulsivamente.

Saindo dos contos-de-fada para os desenhos que me faziam chorar. Aliás, quais não me fizeram chorar? O último foi Up, mas estou falando dos antigos, os quais incluem O Rei Leão, Fígaro e Cléo, O Cão e a Raposa, A Dama e o Vagabundo. Todos me fizeram chorar muito, muito, MUITO. Não gosto nem de me lembrar muito porque já fico um pouco emocionada. Eram filmes com tramas fortes, longe de serem essencialmente infantis. E me tocavam muito porque forçavam a maturidade, me faziam pensar no que eu poderia encarar enquanto crescia. Aquela velha história de tramas adultas disfarçadas de infanto-juvenis...

Também acompanhei aqueles filmes que eram meras compilações de desenhos animados. Amava o filme do Pateta nas Olimpíadas, pois foi o primeiro VHS que compramos. Era muito engraçado! O Pateta era uma das minhas personagens preferidas! Sim, não é dos mais espertos, mas é dos mais descontraídos. Só de me lembrar eu rio da estupidez dele ao ensinar natação, ski alpino, maratona, hipismo, entre outros. Impagável! Na mesma linha estavam os filmes do Pernalonga, Patolino e do Taz. Aliás, o filme que mais aluguei na vida foi um de compilações de desenhos do Taz, o Diabo da Tasmânia. Eu nunca ri tanto na vida como ria com esse desenho! Dá até vontade de ver novamente!

Isso tudo aconteceu numa época em que eu não passava horas interpretando as tramas dos filmes ou procurava situações com as quais me identificasse. Não. Eu era criança, quem disse que eu precisava me levar a sério assim? Eu via filmes como O Príncipe do Egito porque, sim, eu gostava da mensagem que transmitiam. Mas eu pensava isso na hora? Não, nunca! Era somente depois, sem propósito, somente para passar o tempo. Somente hoje em dia eu consigo entender o quanto eu absorvia dos filmes sem nem perceber e o quanto alguns deles ajudaram a fixar valores e sentimentos na minha cabeça.