segunda-feira, 19 de julho de 2010

O verde é o novo preto

Um aviso aos navegantes: o post de hoje é verde. Até hoje, eu não tinha feito nenhum post voltado à sustentabilidade, à preservação do meio ambiente ou qualquer assunto semelhante. No entanto, enquanto assistia ao reality show americano Top Chef (competição culinária entre chefs de cozinha, dã), prestei bastante atenção a um costume bastante encorajado pelo programa: o uso de eco bags.

Para aqueles que não conhecem, ecobags são justamente aquelas sacolas que podem ser reutilizadas, sendo geralmente feitas de lona, por exemplo.
As sacolas reutilizáveis podem até ser feitas de fibra de cana de açúcar (olha a oportunidade, Brasil) e bambu!

Dando continuidade, no programa que mencionei acima, os participantes realizam todas as suas compras numa rede de supermercados chamada Whole Foods. Esse lugar só utiliza esse tipo de sacolas: não há absolutamente uso algum de sacolas plásticas. Aliás, elas são dispensadas inclusive para empacotar alimentos. Usa-se aquele tradicional papel marrom para embrulhar os frios, por exemplo. E tudo é transportado nessas sacolas que são, aliás, muito bonitinhas. A propósito, o site dos valores deles é um show à parte. Eu fiquei impressionada com a simplicidade das mudanças que eles fizeram e o impacto que é gerado.

Campanha semelhante foi iniciada no Brasil e é apoiada pelo Carrefour. A iniciativa se chama Saco é um Saco e pretende diminuir a utilização de sacolas plásticas. Vejam bem, reduzir, não abolir. Não se pode negar que as sacolinhas plásticas possuem lá suas vantagens e chegam a ser bastante práticas quando usadas para armazenar o lixo. O problema existe no tratamento inadequado que a maioria das pessoas dá às sacolinhas. Andando nas ruas daqui da cidade, é possível encontrar literalmente dezenas dessas sacolas jogadas em qualquer lugar, inclusive nos bueiros. Aí reclamam quando as ruas se enchem na época da chuva porque a água não tem para onde escoar...

Enfim, eu reconheço que simplesmente extingüir o uso desse tipo de embalagem criaria alguns transtornos iniciais, principalmente para as empresas fabricantes. Algumas podem chegar a clamar perda de faturamento, mas deveriam na verdade enxergar esse problema como uma oportunidade. Atualmente, tem havido razoável esforço para adaptação da sociedade às novas demandas ambientais. E, para isso, novos produtos deverão ser criados, o que poderá criar novos nichos de atuação no mercado. A janela se fecha aqui, mas se abre logo adiante.

Tantos produtos ambientalmente corretos têm sido desenvolvidos atualmente ou aperfeiçoados. Existem decoradores de interiores e arquitetos voltados, por exemplo, ao planejamento das cozinhas verdes. Há empresas cujo foco têm sido desenvolver novos métodos de geração e reaproveitamento de energia. Aqui na cidade existe uma empresa incubada que se destina à reciclagem de óleo de cozinha. E existem empresas que fazem as ecobags. Ou vocês acham que o consumidor compra apenas uma e deixa pra lá? Com o aumento do poder de compra, a tendência é justamente comprar mais. Transportar mais produtos exige mais sacolas. A diferença é que são ecologicamente corretas.

As mudanças geradas ao consumidor também podem ser de fácil adaptação. Os supermercados poderiam oferecer as sacolas, mas em quantidades limitadas às pessoas. Sem falar que produtos de horti-fruti vêm em sacolinhas plásticas, as quais poderiam ser guardadas para uso posterior após alguma forma de limpeza. Aliás, o blog do Saco é um Saco recomenda que se leve uma sacola plástica ao fazer compras para armazenar produtos que não podem ter contato direto com outros, como os de limpeza. E se você acha que sua ecobag é feia, você pode muito bem customizá-la e deixá-la da maneira que julgar mais bonita.

As medidas que entrarem em vigor no Rio de Janeiro da semana passada deveriam servir de inspiração para todos os outros estados. Tenho conhecimento que grandes redes de supermercado já se esforçam para reduzir o uso de sacolas plásticas, quer seja distribuindo as reutilizáveis, quer seja trocando as embalagens plásticas por aqueles grandes sacos de papel marrom, ou até mesmo embalando as compras com caixas de papelão. É uma pena que outros achem que não tiveram tempo para se adaptar, pois a lei foi criada ano passado e eles tiveram um ano para se adaptar...

O homem existe hoje em dia porque foi capaz de se adaptar a situações diversas ao longo dos anos. Essa é mais uma delas. Essa é talvez a mais simples delas. O verde é o novo preto.

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