A menina chegou em casa saltitante e contou para a mãe que haveria baile de carnaval na escola. Como a mãe sabia costurar, pediu que fizesse uma fantasia para ela. Não sabia de que queria; apenas saberia que queria. Por dias e dias, a rotina se repetia: a garotinha chegava da escola e encontrava a mãe costurando retalho por retalho a saia de sua fantasia. A mãe saiu sob o sol quase todos os dias para comprar fitas, pedaços de pano e outras coisas necessárias para finalizar a fantasia da filhinha. Aquilo era prazeroso tanto para uma quanto para outra e ambas aguardavam ansiosamente o dia em que a garotinha de 5 anos usaria a fantasia.
Finalmente chegou o grande dia. A menina vestiu a saia, o colant em que alguns retângulos de tecido tinham sido costurados, a meia-calça, a sapatilha e as fitinhas no cabelo. Lá estava: uma perfeita boneca de pano, uma perfeita Emília. A mãe finalizou fazendo a maquiagem da personagem no rosto da filha e se despediu com um beijo doce. A menina seguiu para a escola com o pai, aguardando ansiosamente pelo recreio.
Chegando à escola, estava tão animada que não conseguia parar quieta. Foi brincar de correr com as amiguinhas e acabou batendo com a cabeça numa coluna chapiscada. O machucado ardeu bastante e sangrou um pouquinho. Mais tarde, haveria quem dissesse que explicava muita coisa ela ter batido a cabeça com 5 anos de idade. Mas ela tinha outras preocupações em mente: fazer bonito com sua fantasia de Emília.
A aula custava a passar e ela realmente não prestou muita atenção no que a professora do pré dizia. Desenhou, pintou, fez a atividade pedida, mas não parava de olhar no relógio. Finalmente, 15h! Chegara a hora do baile de carnaval! Apanhou a bolsinha de confete que ganhara da mãe e seguiu com os coleguinhas para a quadra, onde se daria a festinha escolar. A maioria de suas colegas escolhera se vestir de odalisca, de modo que sua roupa era a mais fechada. Mas ela pouco se importava: sentia-se orgulhosa, principalmente porque vestia algo que sua mãe fizera.
A festa foi exatamente como ela imaginara: uma deliciosa bagunça. Todos corriam, pulavam, jogavam confete e serpentina uns nos outros ao som de músicas a que ela não prestou muita atenção. A tarde, entretanto, correu como o vento. Em pouco tempo, ela estava no banco traseiro do carro, cansada, mas feliz com sua fantasia de Emília.
Jamais se esqueceria daquilo, daquela alegria descompromissada, daquela festa animada, daquela diversão. Os carnavais seguintes seriam animados até uns quatro, cinco anos depois, mesmo que sem fantasias. Após isso, já não existiriam. Seria apenas um feriado, uma desculpa para ficar em casa e suspirar por saudades de seu carnaval preferido. Veria apenas pela televisão, desejosa de acompanhar um desfile no Rio de Janeiro. Não veria propósito nos ditos blocos de rua, desculpa para bebidas e pegação em excesso. Não sairia de casa para comemorar em um baile de fantasia em sua cidade, pois eles simplesmente não existem mais.
É, Maria Clara, faz quase 15 anos que você tinha 5 anos.
Finalmente chegou o grande dia. A menina vestiu a saia, o colant em que alguns retângulos de tecido tinham sido costurados, a meia-calça, a sapatilha e as fitinhas no cabelo. Lá estava: uma perfeita boneca de pano, uma perfeita Emília. A mãe finalizou fazendo a maquiagem da personagem no rosto da filha e se despediu com um beijo doce. A menina seguiu para a escola com o pai, aguardando ansiosamente pelo recreio.
Chegando à escola, estava tão animada que não conseguia parar quieta. Foi brincar de correr com as amiguinhas e acabou batendo com a cabeça numa coluna chapiscada. O machucado ardeu bastante e sangrou um pouquinho. Mais tarde, haveria quem dissesse que explicava muita coisa ela ter batido a cabeça com 5 anos de idade. Mas ela tinha outras preocupações em mente: fazer bonito com sua fantasia de Emília.
A aula custava a passar e ela realmente não prestou muita atenção no que a professora do pré dizia. Desenhou, pintou, fez a atividade pedida, mas não parava de olhar no relógio. Finalmente, 15h! Chegara a hora do baile de carnaval! Apanhou a bolsinha de confete que ganhara da mãe e seguiu com os coleguinhas para a quadra, onde se daria a festinha escolar. A maioria de suas colegas escolhera se vestir de odalisca, de modo que sua roupa era a mais fechada. Mas ela pouco se importava: sentia-se orgulhosa, principalmente porque vestia algo que sua mãe fizera.
A festa foi exatamente como ela imaginara: uma deliciosa bagunça. Todos corriam, pulavam, jogavam confete e serpentina uns nos outros ao som de músicas a que ela não prestou muita atenção. A tarde, entretanto, correu como o vento. Em pouco tempo, ela estava no banco traseiro do carro, cansada, mas feliz com sua fantasia de Emília.
Jamais se esqueceria daquilo, daquela alegria descompromissada, daquela festa animada, daquela diversão. Os carnavais seguintes seriam animados até uns quatro, cinco anos depois, mesmo que sem fantasias. Após isso, já não existiriam. Seria apenas um feriado, uma desculpa para ficar em casa e suspirar por saudades de seu carnaval preferido. Veria apenas pela televisão, desejosa de acompanhar um desfile no Rio de Janeiro. Não veria propósito nos ditos blocos de rua, desculpa para bebidas e pegação em excesso. Não sairia de casa para comemorar em um baile de fantasia em sua cidade, pois eles simplesmente não existem mais.
É, Maria Clara, faz quase 15 anos que você tinha 5 anos.
*O*
ResponderExcluirQue lindin. Só faltou uma foto antiga hsshuahsuasuhasau