quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O fácil e o necessário

Semana passada, eu entrei um pouquinho em desespero. Meu estoque de filmes gravados estava chegando ao fim e faz calor demais pr'eu ousar sair de casa e caminhar. Além disso, esse calor torna impossível sentar e estudar Finanças, algo que eu prometi que faria durante as férias. Eu detesto a idéia de ficar mofando, de ficar entediada, de ficar olhando pro relógio e perceber que se passaram apenas alguns minutos. O computador aqui em casa é dividido, de modo que não posso ficar aqui quantas horas eu desejar. Além disso, chegaria a um ponto em que minhas opções virtuais também se esgotariam. So I had a little meltdown... Ok, eu sei que isso significa ataque de egoísmo, de desespero, de frustração. E aí eu fiquei me lamentando e chorando por coisas que já foram e com as quais eu deveria me acostumar. Na verdade, parte da sensação que eu experimentei pode ser lida em 'Harry Potter e a Ordem da Fênix'. Sim, aquele começo, aquele desabafo, a sensação de estar sozinha enquanto todas as pessoas de que você gosta se divertem: foi exatamente aquilo.

Eu adoraria dizer que isso nunca aconteceu e que foi a primeira vez que senti isso. Bom, não foi a primeira, nem a segunda, nem a terceira. Entretanto, é como acontece com o calor: sempre achamos que no passado foi menor e que agora é pior. Enfim, eu tenho essa coisa que realmente me incomoda, mas que geralmente fica nisso: um incômodo. Essa coisa se chama pessimismo com uma dose extra de reclamação e uma pitada de inconformismo com essência de descontrole.


GARÇOOOOOOM!

A todos que desconhecem isso, podem ter certeza que é insuportável. Aliás, é pior ainda quando as coisas passam e você pode ter uma visão mais clara do acontecido. Algo que foi muito útil foi um diálogo do filme 'O Diabo veste Prada'. O trecho em questão é o de uma conversa entre o Nigel (Stanley Tucci, nunca mais visto com os mesmos olhos após 'The Lovely Bones') e a Andy (Anne Hathaway). Basicamente, a Andy faz infinitas reclamações de como as pessoas são duras com ela quando ela fazia seu melhor. E aí o Nigel diz uma das melhores falas do filme, na minha modesta opinião:

You are not trying. You are whining. What is it that you want me to say to you, huh? Do you want me to say, "Poor you. Miranda's picking on you. Poor you. Poor Andy"? Hmm? Wake up, six. She's just doing her job. (...) And you want to know why she doesn't kiss you on the forehead and give you a gold star on your homework at the end of the day. Wake up, sweetheart.

É tão mais fácil e confortável reclamar pelo que não acontece como queremos, não? Não estou dizendo que reclamar seja algo ruim, longe disso. Estou apenas pensando em quantas vezes já tive um 'meltdown' desnecessário, em quantas vezes eu deveria ter me mantido calma, pensado e, só então, falado. Eu costumo me sentir frustrada, desanimada, triste por coisas a que a maioria das pessoas não costuma nem prestar atenção. Além disso, costumo tentar justificar o presente por meio do passado, o que nunca me faz bem.

Sempre achei que escrever fosse uma excelente maneira de canalizar isso. Sim, é, é um exercício muito bom. Mas é inútil se fica aqui, num post de blog, no mundo virtual. Só faz sentido se tiver reflexo no mundo real.

5 comentários:

  1. Não se sinta frustrada, desanimada ou triste.

    Quando quiser, basta escrever. Comigo funciona. :)

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  2. Mc, Sou sua fã...

    Você escreve de uma forma tão natural que dá até gosto de ler... =)

    E eu super me identifico com o que você escreve, não sempre, mas na maioria das vezes...


    =*

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  3. Como o Souza, eu também canalizo minhas frustrações escrevendo. Sou eu e meu pensamento, ideias fluindo sem ter que seguir regras. E me mantém centrada em algo, senão eu já teria ficado muito maluca.

    Eu também tenho o hábito de me seintir frustrada com coisas que as pessoas nem notam. Quer um exemplo? A tal da minha fonte desconfigurada. Pessoas me chamando de fresca e tal, mas se eu sei que aquilo não está 100% como deveria, isso me incomoda. Eu sou assim em tudo na minha vida, não é só com uma fonte boba.

    Só a gente mesmo pra saber a beleza e a maldição de sermos quem somos.

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  4. Também me frusto com muita coisa que para os outros seria banal, mas nem comento.

    E eu vi o Diabo Veste Prada dia desses exatamente nessa cena. Gostei.

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  5. "a sensação de estar sozinha enquanto todas as pessoas de que você gosta se divertem"

    Quando sinto isso eu procuro fazer alguma coisa realmente útil ou proveitosa, de preferência sozinho. Algo que me faça, no final do dia, refletir e pensar "Hoje o dia rendeu!" É uma das melhores sensações de paz consigo mesmo, ver o tempo bem aproveitado e sentir merecimento pelo tempo na internet ou enfim. :)

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