A idéia para este post surgiu por meio de uma conversa no Twitter. Sim, o assunto virou um chat e aconteceu ontem à noite. Tudo teve início quando @matprates postou a seguinte afirmação extraída da NME. Aliás, a lista das 33 tendências que definiram 2009, por autoria de Luke Lewis, é bastante engraçada. Bom, abaixo, a afirmação:
2. Exciting bands becoming boring Thanks to Josh Homme’s influence as 'Humbug' producer, Arctic Monkeys transformed from Britain’s most spikily eloquent band into a bunch of heads-down noodlers with problem hair and an alarming fondness for double denim.
Basicamente, ele diz o que ficou engasgado na garganta da maioria dos fãs de Arctic Monkeys que conheço. Não farei nenhum tipo de crítica musical aqui, até porque não tenho conhecimento ou argumentos a respeito de tal. Pra evitar que seja um fiasco, então, vou falar o que eu acho de tudo isso.
Eu conheci a banda por causa de I Bet You Look Good on the Dancefloor, alguns anos atrás, em 2006. Desde então, nunca mais parei de ouvir. Não sei explicar o que senti, o que me cativou, o que despertou meu interesse neles. Não, não foi o Alex Turner, pois eu só fui descobrir o rosto dele e de todos os outros membros após ouvir o CD incontáveis vezes. O som me pareceu espontâneo àquela época, despretensioso. Algo que eu só poderia levar a sério se eu quisesse. Maseu não queria! Eu só queria escutá-los e me divertir ao som da música deles. Refletia, claro, quando pensava nas letras, mas não era esse o objetivo. Era simplesmente ouvir música de qualidade e me sentir bem.
Continuei ouvindo a banda, mas ainda não conhecia os B-sides, por exemplo. Àquela época, eu ainda não tinha Internet e pedia para os meus amigos baixarem e gravarem músicas para mim. Enfim, em 2007, durante uma viagem escolar para Campinas, eu comprei o Favourite Worst Nightmare e voltei da cidade até aqui o escutando no CD player de uma amiga. Em pouco tempo, eu já decorara as letras todas. O cansaço da viagem passou enquanto eu escutava a voz rouca do Alex em algumas canções. Contagiada pelas batucadas do Matt Helders, eu sem perceber tamborilava meus próprios dedos e a ponta do pé no ritmo das músicas. Devo confessar que eu faço bastante isso, mas somente quando gosto demais de uma música.
Não comentarei o fato de ter perdido o show deles.
Em 2008, passei a ter Internet e foi quando descobri que o material deles não se limitava àqueles dois álbuns que eu ouvia todos os dias. Baixei tudo que pude encontrar deles, inclusive shows! Para mim, eles eram a melhor banda que surgira nos últimos tempos. A simplicidade que eles colocavam nas músicas de alguma forma me soava tão complexa! Sim, eu sei que estou falando como uma pessoa apaixonada. Mas talvez eu tenha realmente me apaixonado pela banda. Claro que isso me privou um pouco do meu senso crítico, mas eu não me arrependo. Eu jamais gostara tanto de uma banda dessa maneira; jamais me identificara ou me interessara por algo assim.
Houve um certo hiato após o lançamento do segundo álbum e dos singles, durante o qual eu me contentei em baixar qualquer tipo de material relacionado a eles. Felizmente, o Alex não ficou parado e logo veio o The Age of the Understatement do The Last Shadow Puppets. Em um grau menor, mas talvez de uma intensidade comparável, me apaixonei pelo som deles. E continuei ouvindo ambos e tendo o mesmo sentimento que tive da primeira vez que ouvi uma música celes.
Soube, então, que o terceiro álbum estava a caminho. Ouvi algumas músicas novas após fazer o download de um show deles. Eu realmente gostei muito do que ouvi, mas não posso atestar a qualidade das músicas porque a qualidade do áudio era lastimável. Mas, algum tempo depois, algumas canções começaram a sair, até que finalmente Humbug estava disponível em toda a rede.
Da primeira vez que ouvi, devo confessar que detestei. A todo momento, eu me perguntava 'Where the fuck are Arctic Monkeys?'. Eu não me senti mais animada como acontece com os outros álbuns. Foi algo diferente, muito mais sombrio, muito mais pesado, muito mais... triste! Alguns instrumentos que eles resolveram usar, como o órgão, me lembravam de funerais de desenhos animados... Só que, ao mesmo tempo, eu me forçava a dar uma segunda chance a eles. A opinião de todos era muito dividida, mas eu tentava achar que eles apenas buscaram uma evolução, algo diferente. Tentaram mostrar que sabem fazer música boa de outro jeito.
Saíram alguns clipes. Crying Lightning, uma das melhores músicas do cd, é inacreditável. Eu não entendi o conceito do vídeo, embora tenha gostado até que surge o deus guitarra do meio do mar. Olhando bem, hoje em dia, eu achei que eles foram bastante presunçosos ao se caracterizarem como a banda. Deu uma sensação de ego inflado... Talvez eles achem que têm capacidade de fazer a música que quiserem, pois todos vão aplaudi-los e enfiar um prêmio em suas mãos. Talvez eles tenham começado a acreditar no hype.
Cornerstone é minha música predileta do álbum. É uma das únicas em que consigo encontrar a essência da banda, pois é a única que me remete às mesmas sensações de 505, embora de uma maneira diferente. O clipe é igualmente inacreditável. Não pode ser real. Não é real. A simplicidade poderia passar por genial - não vou negar que, num primeiro momento, passou. Mas hoje em dia eu acho tão decadente, tão às pressar, tão 'posso fazer o que quero, vocês vão gostar, mesmo que não tenha nível'. Se por um momento eu senti vergonha alheia, posso afirmar que hoje em dia o sentimento está mais para pena.
Eu gostaria de saber qual foi o elo perdido, qual foi o ponto de transformação. Poderia dizer que foi a Alexa Jezabel Ono Chang ou o Josh Homme. Poderia ser deslumbramento com a fama e com o status que eles conquistaram no cenário musical. Mas se a banda resolveu perder a essência por conta disso, acho que perdi um pouco do meu respeito por eles, já que nunca me pareceu ser essa a proposta deles.
E eles mudaram até mesmo no visual, desde os cabelos até às roupas. Não dá mais para comparar nem com a Mallu Magalhães, porque ela pelo menos já foi apresentada a um pente. E eu não sei se o Alex emagreceu ou resolveu usar só roupas que acentuam que ele pesa tanto quanto eu. Sim, sei que estou reclamando de estética, mas até isso reflete essa mudança deles. Aliás, principalmente isso! E o visual deles parece ser tão forçado hoje em dia que passo a achar que a mudança também o foi. Alguém - ou eles - resolveu mudar. Mas parece ter sido tão proposital, nada espontâneo. E é justamente o contrário do que um dia eles foram! Donkey Monkeys!
A minha esperança como fã - e acredito que a de todos - é que eles aprendam a lidar com esse sucesso. Sim, eles são pessoas e fazem o que quiserem de suas vidas. Mas isso não significa que eles não tenham um compromisso com os fãs, que eles não precisem respeitá-los. Sim, sei que eles não batem nos fãs, não desmarcam shows a todo momento. Mas o respeito nesse caso está relacionado à fidelidade à essência da banda, a qual parece ter se esvaído no meio do deserto americano.
2. Exciting bands becoming boring Thanks to Josh Homme’s influence as 'Humbug' producer, Arctic Monkeys transformed from Britain’s most spikily eloquent band into a bunch of heads-down noodlers with problem hair and an alarming fondness for double denim.
Basicamente, ele diz o que ficou engasgado na garganta da maioria dos fãs de Arctic Monkeys que conheço. Não farei nenhum tipo de crítica musical aqui, até porque não tenho conhecimento ou argumentos a respeito de tal. Pra evitar que seja um fiasco, então, vou falar o que eu acho de tudo isso.
Eu conheci a banda por causa de I Bet You Look Good on the Dancefloor, alguns anos atrás, em 2006. Desde então, nunca mais parei de ouvir. Não sei explicar o que senti, o que me cativou, o que despertou meu interesse neles. Não, não foi o Alex Turner, pois eu só fui descobrir o rosto dele e de todos os outros membros após ouvir o CD incontáveis vezes. O som me pareceu espontâneo àquela época, despretensioso. Algo que eu só poderia levar a sério se eu quisesse. Maseu não queria! Eu só queria escutá-los e me divertir ao som da música deles. Refletia, claro, quando pensava nas letras, mas não era esse o objetivo. Era simplesmente ouvir música de qualidade e me sentir bem.
Continuei ouvindo a banda, mas ainda não conhecia os B-sides, por exemplo. Àquela época, eu ainda não tinha Internet e pedia para os meus amigos baixarem e gravarem músicas para mim. Enfim, em 2007, durante uma viagem escolar para Campinas, eu comprei o Favourite Worst Nightmare e voltei da cidade até aqui o escutando no CD player de uma amiga. Em pouco tempo, eu já decorara as letras todas. O cansaço da viagem passou enquanto eu escutava a voz rouca do Alex em algumas canções. Contagiada pelas batucadas do Matt Helders, eu sem perceber tamborilava meus próprios dedos e a ponta do pé no ritmo das músicas. Devo confessar que eu faço bastante isso, mas somente quando gosto demais de uma música.
Não comentarei o fato de ter perdido o show deles.
Em 2008, passei a ter Internet e foi quando descobri que o material deles não se limitava àqueles dois álbuns que eu ouvia todos os dias. Baixei tudo que pude encontrar deles, inclusive shows! Para mim, eles eram a melhor banda que surgira nos últimos tempos. A simplicidade que eles colocavam nas músicas de alguma forma me soava tão complexa! Sim, eu sei que estou falando como uma pessoa apaixonada. Mas talvez eu tenha realmente me apaixonado pela banda. Claro que isso me privou um pouco do meu senso crítico, mas eu não me arrependo. Eu jamais gostara tanto de uma banda dessa maneira; jamais me identificara ou me interessara por algo assim.
Houve um certo hiato após o lançamento do segundo álbum e dos singles, durante o qual eu me contentei em baixar qualquer tipo de material relacionado a eles. Felizmente, o Alex não ficou parado e logo veio o The Age of the Understatement do The Last Shadow Puppets. Em um grau menor, mas talvez de uma intensidade comparável, me apaixonei pelo som deles. E continuei ouvindo ambos e tendo o mesmo sentimento que tive da primeira vez que ouvi uma música celes.
Soube, então, que o terceiro álbum estava a caminho. Ouvi algumas músicas novas após fazer o download de um show deles. Eu realmente gostei muito do que ouvi, mas não posso atestar a qualidade das músicas porque a qualidade do áudio era lastimável. Mas, algum tempo depois, algumas canções começaram a sair, até que finalmente Humbug estava disponível em toda a rede.
Da primeira vez que ouvi, devo confessar que detestei. A todo momento, eu me perguntava 'Where the fuck are Arctic Monkeys?'. Eu não me senti mais animada como acontece com os outros álbuns. Foi algo diferente, muito mais sombrio, muito mais pesado, muito mais... triste! Alguns instrumentos que eles resolveram usar, como o órgão, me lembravam de funerais de desenhos animados... Só que, ao mesmo tempo, eu me forçava a dar uma segunda chance a eles. A opinião de todos era muito dividida, mas eu tentava achar que eles apenas buscaram uma evolução, algo diferente. Tentaram mostrar que sabem fazer música boa de outro jeito.
Saíram alguns clipes. Crying Lightning, uma das melhores músicas do cd, é inacreditável. Eu não entendi o conceito do vídeo, embora tenha gostado até que surge o deus guitarra do meio do mar. Olhando bem, hoje em dia, eu achei que eles foram bastante presunçosos ao se caracterizarem como a banda. Deu uma sensação de ego inflado... Talvez eles achem que têm capacidade de fazer a música que quiserem, pois todos vão aplaudi-los e enfiar um prêmio em suas mãos. Talvez eles tenham começado a acreditar no hype.
Cornerstone é minha música predileta do álbum. É uma das únicas em que consigo encontrar a essência da banda, pois é a única que me remete às mesmas sensações de 505, embora de uma maneira diferente. O clipe é igualmente inacreditável. Não pode ser real. Não é real. A simplicidade poderia passar por genial - não vou negar que, num primeiro momento, passou. Mas hoje em dia eu acho tão decadente, tão às pressar, tão 'posso fazer o que quero, vocês vão gostar, mesmo que não tenha nível'. Se por um momento eu senti vergonha alheia, posso afirmar que hoje em dia o sentimento está mais para pena.
Eu gostaria de saber qual foi o elo perdido, qual foi o ponto de transformação. Poderia dizer que foi a Alexa Jezabel Ono Chang ou o Josh Homme. Poderia ser deslumbramento com a fama e com o status que eles conquistaram no cenário musical. Mas se a banda resolveu perder a essência por conta disso, acho que perdi um pouco do meu respeito por eles, já que nunca me pareceu ser essa a proposta deles.
E eles mudaram até mesmo no visual, desde os cabelos até às roupas. Não dá mais para comparar nem com a Mallu Magalhães, porque ela pelo menos já foi apresentada a um pente. E eu não sei se o Alex emagreceu ou resolveu usar só roupas que acentuam que ele pesa tanto quanto eu. Sim, sei que estou reclamando de estética, mas até isso reflete essa mudança deles. Aliás, principalmente isso! E o visual deles parece ser tão forçado hoje em dia que passo a achar que a mudança também o foi. Alguém - ou eles - resolveu mudar. Mas parece ter sido tão proposital, nada espontâneo. E é justamente o contrário do que um dia eles foram! Donkey Monkeys!
A minha esperança como fã - e acredito que a de todos - é que eles aprendam a lidar com esse sucesso. Sim, eles são pessoas e fazem o que quiserem de suas vidas. Mas isso não significa que eles não tenham um compromisso com os fãs, que eles não precisem respeitá-los. Sim, sei que eles não batem nos fãs, não desmarcam shows a todo momento. Mas o respeito nesse caso está relacionado à fidelidade à essência da banda, a qual parece ter se esvaído no meio do deserto americano.
Primeiro vez que eu venho aqui e só o que tenho a dizer sobre esse post é "Eu disse". q
ResponderExcluirBrinks, sério agora, nunca fui fã dessa banda, mas sempre admirei o trabalho deles desde o primeiro cd e mesmo assim posso dizer que tenho praticamene a mesma opinião que a sua com relação às mudanças que eles sofreram. Eu curti o terceiro disco, mas não foi do mesmo modo que os outros. Eu entendo que toda banda deve evoluir, criar novos conceitos, tentar novos sons, mas o que realmente aconteceu com os AM foi isso, eles deixaram a essência da banda de lado. Talvez seja só uma fase, algumas bandas têm disso, mas eu espero, sinceramente, assim como você que o próximo cd retorne ao que a banda sempre foi, uma banda divertida e contagiante e ao mesmo tempo tão interessante.
Enfim, uma coisa que me faz ter respeito em músicos é o fato deles fazerem o que querem (supostamente o que gostam) sem ligar muito pro que os outros pensam. Isso que eles evoluíram conceitualmente pra mim.
ResponderExcluirBandas como Radiohead, QOSTA, entre outras, sempre me agradaram por causa disso. Quanto musicalmente, eu diria que eles perderam o que fizeram eles famosos, o que diferenciava dos outros, que é a alegria, agitação, animação, e outras palavras citáveis em livros de auto-ajuda. A qualidade tá lá, analisando a técnica, ela também tá lá (Matt Helders evoluíu muito como bateirista), mas não é a mesma sensação tu ouvir a Jeweller's Hands e ouvir a This House is a Circus, ou Scummy. Mas enfim, espero que com o tempo eles consigam assimilar as mudanças. Tanto que eu acho muitos dos B-Sides mais interessantes que as próprias músicas dos CDs.