terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Vó Ditinha

Hoje eu estou totalmente indignada. Portanto, o post de hoje possivelmente terá xingamentos, pois eu realmente preciso de uma válvula de escape.

Olha, se tem uma pessoa que eu amo nesse mundo é a minha vó Ditinha. Sempre tive uma ligação muito grande com ela, sempre gostei de visitá-la e ouvir suas histórias, mesmo que repetidas. Eu gosto da companhia dela, embora não tenha conseguido desfrutar muito disso nos últimos tempos. Bom, hoje, voltando da oculista, mãe e eu passamos na casa da vó. Um dos meus tios estava lá. Não vou dar nome aos bois, pois damos nome a quem elogiamos, não a quem criticamos. Enfim, ele estava passando pano na casa. Minha mãe foi lá avisar que ele TINHA que dar o remédio que o médico receitou. E ele disse que não ia dar! Que já dormia lá e já fazia muito pela vó. Minha mãe falou que eram ordens médicas. Ele começou a gritar na frente da vó, sendo que ela tem 86 anos. Aí ele falou que era ele quem tinha que agüentar minha avó caindo à noite, que ele tinha que tomar conta dele e não sei o quê.

Vamos por partes. Ele se separou. Ele é frustrado. Ele sempre precisa de dinheiro, mas hoje descobrimos que ele usa calças de R$ 250 reais. Ele estava tratando mal a mulher que o criou a vida toda, que pega dinheiro da própria aposentadoria para ele pagar sabe-se lá o quê. Ele foi estúpido, gritou, berrou, só faltou avançar na vó e dizer com todas as letras: VOCÊ É UM PESO. Desgraçado. Babaca. Ignorante. Mal amado. Frustrado.

Pensando em tudo isso, eu virei para ele e pedi que ele parasse de gritar com a vó, pois ele não tinha esse direito. O que ele disse? Ele me xingou, me mandou ficar quieta porque sou menor de idade. Não, eu não sou menor de idade. Tenho 19 anos e muito mais juízo e respeito do que você. Nisso, eu já estava chorando, totalmente chocada com essa situação. A vó estava lá, num canto, totalmente indefesa e frágil, como uma senhora de 86 anos. A minha mãe continuava discutindo com ele e pedindo que ele maneirasse. E eu implorei que ele parasse de tratá-la mal. Ele me chamou de encrenqueira e disse que sabia da minha fama de discutir com os tios.

Sim, eu discuto. Foda-se que são mais velhos e teoricamente têm algum tipo de autoridade. Isso não dá a eles o direito de tratar mal os pais, se intrometerem na minha vida, muito menos me dá o dever de abaixar a cabeça para o que falam. Se eu acho que algo tá errado, qual é o problema d'eu falar isso? Porque, não, eu nunca discuti aos berros com nenhum deles. Apontei erros e pedi que os corrigissem. Mas eles vieram com pedras na mão, ignoraram meus pedidos e agiram a belprazer. E eu sou a encrenqueira.

Sempre há notícias de idosos que são mal tratados, principalmente por filhos. Gostaria de saber onde está a humanidade dessas pessoas, o respeito. Eles precisam de amor, carinho, atenção. Precisam que a gente retribua o que eles passaram a nossa infância nos dando. Quando nós éramos bebês indefesos e frágeis, eles estavam lá para nos tratar com todo o amor. Será que ninguém se lembra disso? Será que só conseguem pensar que os idosos são um peso? E se nós, quando bebês, tivermos sido?

Desculpem-me, mas eu sinto vergonha de ter gente assim na minha família. Dos dois lados. Parecem um bando de cavalos que não percebem o quanto seus pais os amam, o quanto fizeram por eles! Pois a minha avó ficou com medo do meu tio. Ela inclusive disse que eu deveria entendê-lo, que ele é frustrado, que não está numa boa fase. Olhem a bondade da pessoa! Sabe? Ser compreensiva com quem é tudo, menos isso!

Eu chorei, chorei, chorei e chorei. Sei que minhas lágrimas nada mudarão, não farão um coração de pedra se encher de bondade e de compaixão. Mas eu já aprendi que o que fazemos aqui, pagamos aqui mesmo. Não desejo absolutamente nada de ruim para o meu tio, mas sei que um dia ele se arrependerá pela maneira como trata minha avó.

2 comentários:

  1. Fiquei triste lendo, mesmo atrás do monitor do computador. Imagino o que você sentiu na hora...

    Essas coisas são ruins e chateiam, mas servem para nos fazer dar ainda mais valor ao respeito que temos pelos outros. É nessas situações que se vê o quanto - infelizmente - ele pode ser raro.

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  2. E eu tenho um "tio" que se casou com a minha tia que morava com a minha vó (91 anos), foi morar na casa dela e se acha dono da casa, fica mandando nela toda hora.
    Ingratidão de qualquer forma é triste.

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