quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O diploma é um objeto



O que não falta é material para possíveis posts de hoje. Entretanto, não vou prestigiar quem não merece, muito menos escrever sobre experiências desagradáveis que merecem ser esquecidas. Nem vou falar sobre o que levou ao fechamento da comunidade Montanhas da HPB, pois quem lê meu blog já sabe o que houve e tudo que poderia ser dito sobre isso já foi.

Eu planejava escrever sobre o significado da graduação dois dias atrás. Contudo, senti que o assunto da minha vó estava mais fresco na minha cabeça. Aliás, sobre isso, não adianta falar: descobri que minhas reclamações de fato esbarram na autoridade de quem pode resolver a situação. Enfim, hoje não são experiências, mas observações pessoais que apresentarei aqui.

Um dos aspectos que mais valorizo num indivíduo é a educação. Não estou falando de gentilezas, nem do tratamento dispensado aos outros (pela qual também prezo muito). Não, falo da Educação, do aprendizado escolar. O indivíduo não precisa necessariamente ser um gênio, muito menos um dos melhores da turma, mas valorizo que tenha uma formação educacional ou pelo menos busque tê-la e tirar dela o máximo proveito. Entretanto, acredito que o papel da Educação tenha se distorcido nos últimos tempos.

Do que falo exatamente? Daqueles que consideram a educação garantia máxima de capacidade. Já me disseram que quanto mais sabemos, menos sabemos. E também já me disseram para jamais subestimar a capacidade intelectual de alguém, inclusive se essa pessoa não tem diploma ou não teve a oportunidade de ter ensino formal. A minha professora disse que houve um episódio curioso na empresa dela. Um funcionário do chão de fábrica foi capaz de propôr uma solução genial para um determinado problema, sendo que os gerentes passaram meses sem sair do lugar. Querem um exemplo mais fidedigno? O Lula. Preciso explicar a razão?

Agora, há também o caso inverso. Meu pai, por exemplo, é engenheiro elétrico e tem doutorado. Quem conserta a fiação da casa é a minha mãe, a qual fez Magistério há quase 30 anos e jamais exerceu a profissão. Ela é costureira, artesã e dona de casa. Conserta encanamento, instala prateleiras, faz serviços de marcenaria em casa. Nem precisa dizer quem deveria fazer isso se formação fosse igual a capacidade, aptidão e habilidade.

Às vezes, ocorrem outros episódios em que graduandos em determinado curso humilham outros por acharem que a possibilidade de conquistarem um diploma os transformam em especialistas. Veja bem, o que impede uma pessoa de ter aptidão para comentar determinado assunto, ainda mais se ela busca se inteirar dele sempre que possível? E por que você rejeitaria uma sugestão dada de boa vontade somente porque você julga que a pessoa não é digna de dar opinião? Sim, eu fiquei indignada com isso. É de uma arrogância que não se calcula, não se compara.

Eu faço Administração, mas tenho plena consciência de que não sei tudo, nem nunca saberei. Todos estão sujeitos a receber opiniões de alguém que nem sempre é da mesma área. E geralmente essas opiniões oferecem um ponto de vista diferente, que tem muito a acrescentar a suas premissas.

O diploma é um mero objeto. Ele só vai ter algum significado se você fizer valer a pena. E ele não é nenhum escudo, não, muito menos uma armadura reluzente. Você pode muito bem ser superado por alguém que simplesmente tenha gosto e amplie conhecimentos numa determinada área. Julgar-se superior por achar que um curso garante sua infalibilidade só demonstra que você se esqueceu de um dos princípios mais valorizados pelo sistema educacional: a humildade.

Um comentário:

  1. Às vezes eu acho que você lê minha mente...

    "Ele só vai ter algum significado se você fizer valer a pena. E ele não é nenhum escudo, não, muito menos uma armadura reluzente. Você pode muito bem ser superado por alguém que simplesmente tenha gosto e amplie conhecimentos numa determinada área."

    Perfeito.

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