domingo, 10 de janeiro de 2010

Você já fez sua Extreme Makeover hoje?

Como vocês podem ter percebido (até forçadamente, após breve divulgação no Twitter), eu mudei de template. A idéia inicial era fazer meu próprio layout, mas eu realmente não sei como. Tive, então, que optar por encontrar um pronto. Meus agradecimentos a uma certa pessoa que também gostou do mesmo layout que eu e cuja opinião foi essencial para a escolha. E também ao @heitorfacini, que foi quem sugeriu que eu procurasse material pronto. De qualquer forma, foi uma mudança, uma reconstrução. Não total, não extrema, mas foi. E é sobre isso que vou falar. Tchan tchan tchan: Extreme Makeover.



Na semana que passou, eu tive a oportunidade de assistir ao programa todos os dias. Às vezes, mais de uma vez. É um dos meus programas preferidos, mas a ausência de tv a cabo aqui em casa impossibilita que eu o acompanhe. Resolvi baixar os episódios, aliás. Nessa porcaria de bairro tem nem possibilidade de fazer gato. Ninguém leu isso.

Para aqueles que não sabem, o Extreme Makeover: Home Edition é um programa exibido aqui no Brasil pela People & Arts. Um grupo de designers demole e reforma totalmente a casa de uma família necessitada. Sim, é um programa de caridade. Eles realizam os sonhos dessas famílias que lutam com doenças, que fazem trabalho comunitário, que ajudam os outros com o pouco que tem ou que perderam um membro da família e estão sem rumo. Sim, é um programa assistencial que divulga muitas empresas. Entretanto, é uma ajuda que beneficia todos os envolvidos. É bastante diferente do brasileiro Lar, Doce Lar, não somente por começar as casas do zero e terminá-las em uma semana, mas principalmente porque transmite uma veracidade muito maior.

O que mais me cativa no programa não são as reformas que eles fazem. Não são os equipamentos que eles instalam, os quartos que criam. Tudo isso eu posso fazer quando jogo The Sims (a propósito, a vontade de jogar aumentou depois da última semana). Eu sinto uma vontade enorme de participar daquilo, de estar lá. As situações expostas me comovem de uma maneira que gera a vontade de poder fazer algo para ajudar alguém. Sim, é um reality show que cumpre muito bem com seus propósitos. Mas de maneira alguma passa a impressão de querer se aproveitar das situações dos outros.

Os membros da equipe mudam conforme as famílias são escolhidas, ou seja, as equipes não necessariamente são as mesmas. Apenas o líder, Ty Pennington, permanece todas as semanas. Ele é, provavelmente, quem é mais afetado pelos dramas das famílias. Eu gostaria de conhecer alguém como ele: naturalmente bom. Aliás, talvez eu queira ser um pouco mais como ele, um pouco mais como as famílias que ele visita. Apesar de todos os problemas, eles não se deixam abater. Pelo menos não na maior parte do tempo. Conseguem lidar com as adversidades, têm força, principalmente força de vontade. A casa geralmente é o menor dos seus problemas, mas acaba sendo suficiente para reparar a maioria deles.

Tempos atrás, eu tinha sérios problemas com programas assistenciais, tanto atrações de televisão, quanto programas do governo mesmo. Eu era radicalmente contra a maioria deles, pois os enxergava como verdadeiras esmolas. Achava que todos possuíam força de vontade o suficiente para melhorar suas vidas. Mas acredito não ser mais assim. Algumas pessoas realmente não têm opção: ou elas recebem ajuda, dinheiro, comida, casa, ou elas não vão conseguir sair dali. O buraco, para elas, é muito mais fundo do que imaginamos. Não há ânimo que traga arroz ao prato de alguém. Não no tempo que eles precisam. Não na urgência necessária.

Houve uma vez um debate acalorado durante uma aula de filosofia. Uma das meninas envolvidas apegou-se fortemente a sua opinião de que uma pessoa na África necessita de doações porque somente a força de vontade não é capaz de materializar comida no meio do nada. A outra envolvida disse que acha que caridade é inútil e desnecessária. Se vocês conhecessem a segunda, entenderiam a facilidade que ela sente para dizer isso; duvido que algum dia ela tenha sofrido para ter algo assim. Há até alguns episódios envolvendo tal pessoa, mas dessa vez não vou nem contar o milagre, muito menos revelar o santo. Ah, sim, eu não estava envolvida. Não participo de discussões porque já percebi que elas costumam conduzir a barracos lá na classe: os envolvidos costumam se apaixonar por suas opiniões.

De qualquer forma, é óbvio que nenhuma pessoa no mundo tem a obrigação de se desfazer do que tem para auxiliar o próximo. Ela faz isso se quiser, oras. Agora, e o governo? Não é ele o responsável pelo bem-estar dos cidadãos? Acredito que ele não faz mais do que a obrigação ao fornecer auxílios sociais a determinados cidadãos. Dizem que isso torna a pessoa mal acostumada, que ela usa o dinheiro para comprar pinga, etc. Até hoje nunca vi ninguém fazer isso e duvido que seja o comportamento comum.

Acho que falta ao mundo empatia. Sei que falta isso a mim. Ninguém realmente se coloca no lugar do outro, geralmente, principalmente porque é difícil saber ao certo o que os outros sentem ou pelo que passam. É difícil acreditar que muitas vezes uma atração televisiva, que esconde tantos outros interesses, seja capaz de ensinar isso a alguém. Posso dizer que reforçou isso para mim, que me atentou para como eu mantinha opiniões por vezes egoístas ou sem fundamento. Sei que Extreme Makeover: Home Edition é, antes de tudo, um programa de entretenimento. Mas por que não posso enxergá-lo como uma oportunidade? Uma oportunidade de ter a minha própria reconstrução total.

5 comentários:

  1. Nunca vi esse programa, mas aqui no Brasil qualquer iniciativa dessa visa muito mais a propaganda do que a ajuda em si. Uma vez eu vi um "Lar, doce lar" que ocupou o programa INTEIRO. Uma hora e meia daquilo, enfatizando como a família é pobre, como precisa, como não seriam ninguém sem a ajuda... Além do interesse óbvio (ok, estamos num mundo capitalista e eu entendo), também me incomoda essa exposição, sabe? Muitas coisas são desnecessárias, como perguntar à família com quanto eles vivem. É constrangedor pra quem está lá e pra quem assiste =/

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  2. A Record vai produzir uma versão de Extreme Makeover, reformando escolas, orfanatos e tals hm

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  3. Estive ocupado recentemente e pretendo colocar a leitura do teu blog em dia (incluindo essa postagem) amanhã.

    De qualquer forma, gostei pra caramba do layout e só passei aqui pra comentar isso (por enquanto), haha;

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